STJ entende que juiz não pode converter prisão em flagrante em preventiva de ofício
top of page
curso audiência de instrução e julgamento criminal

TREINAMENTO 

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO CRIMINLAL:

tudo que você precisa saber na prática para atuar com segurança.

Buscar

STJ entende que juiz não pode converter prisão em flagrante em preventiva de ofício



Recentemente em decisão proferida Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ficou assegurado que o Juiz não pode mais converter a prisão em flagrante em preventiva, isso de ofício. (HC 590039/GO), de relatoria do ministro Ribeiro Dantas).


Para que o Magistrado faça a conversão, necessariamente deverá existir o requerimento do Ministério Público, do querelante, do assistente ou por representação da Autoridade Policial.


Anteriormente, a jurisprudência do STJ autorizava que o juiz convertesse a prisão em flagrante em preventiva de oficio, desde que presente os requisitos para a manutenção da prisão, isso nos termos do art. 312 do CPP.


Contudo, com a entrada em vigor da Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime), que alterou os termos do art. 311* do Código de Processo Penal, tal conversão de ofício não se demonstra viável, vejamos:


Art. 311. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.

Segundo o entendimento firmado, e em conformidade com a alteração legislativa, indispensável é que o Ministério Público, o querelante, o assistente ou a da Autoridade Policial, solicitem a conversão da prisão.


Com esse entendimento, o STJ respeita de forma integral a vontade do legislador, fazendo uma aplicação perfeita do artigo citado, sem ginástica interpretativa para beneficiar um entendimento inquisitório.


Além disso, coloca o Magistrado, no melhor sentido da palavra, no seu lugar, que é o de garantidor das regras do jogo, esperando que as partes impulsionem o feito para que posteriormente ele se manifeste.


Isso é o mínimo que se espera de um Processo Penal acusatório. Esperar que o Juiz aja de ofício, ainda mais para decretar uma prisão, é dar fôlego ao processo inquisitório, tão combatido pelos Advogados Criminalistas.

 

A liminar concedida neste Habeas Corpus ocorreu por salto, ou de liminar em liminar, onde antes mesmo de ser julgado o mérito do HC no Tribunal de Origem, a defesa já protocolou novo HC contra a liminar indeferida no TJ perante o STJ.


O Ministro Relator lembrou a súmula 691** do STF, onde não autoriza a impetração de HC por salto, contudo, deferiu a liminar por entender a flagrante a ilegalidade cometida no caso concreto.


Para entender um pouco melhor a sistemática do Habeas Corpus, acesse nosso outro artigo: O que é o Habeas Corpus

 

Acesse a íntegra da decisão no arquivo abaixo.


(HC 590039/GO), de relatoria do ministro Ribeiro Dantas).

stj_dje__0_25876584
.pdf
Download PDF • 182KB




 

Luiz Ricardo Flores (OAB/SC 23544), é sócio do escritório de advocacia Milanez & Flores Advogados, e advogado criminalista em Tijucas e região.

 

*A antiga redação do art. 311 do CPP autorizava a conversão de ofício: Art. 311. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou do querelante, ou mediante representação da autoridade policial.


**Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.

bottom of page