As 10 Tendências da Advocacia Criminal para 2026: Como o Advogado Deve se Preparar
- Luiz Flôres

- há 2 dias
- 8 min de leitura
Neste artigo vou destacar 10 Tendências da Advocacia Criminal para 2026 e anos seguintes, devendo oadvogado criminalista não as perder de vista.

A advocacia criminal está passando por uma transformação profunda e acelerada.
Os avanços tecnológicos e as mudanças legislativas formam um cenário completamente novo, no qual as técnicas tradicionais já não são suficientes para garantir uma defesa eficiente.
Se até alguns anos atrás o foco do criminalista era dominar a técnica jurídica clássica, hoje o profissional precisa compreender provas digitais, cadeia de custódia eletrônica, inteligência artificial aplicada, storytelling jurídico e até estratégias de posicionamento digital.
Neste artigo, apresento as 10 grandes tendências da advocacia criminal para 2026, 2027 e até 2028, sendo que cada uma delas tem impacto direto no dia a dia do criminalista e como você pode se preparar para não apenas acompanhar esse movimento, mas também se destacar nele.
1. Protagonismo das provas digitais e da cadeia de custódia eletrônica
Vivemos em um mundo onde praticamente toda conduta humana deixa um rastro digital: celulares, GPS, câmeras, aplicativos de mensagens, redes sociais, dados em nuvem, metadados, registros de acesso, etc.
O resultado é claro, a prova digital tornou-se a principal fonte de elementos informativos em procedimentos criminais.
Hoje, qualquer pessoa tem seus dispositivos (celular, tablet notebook, etc), e com uma prisão em flagrante, quase que obrigatoriamente, esses dispositivos são apreendidos pela polícia.
Já nas ordens de busca e apreensão, por exemplo, quase na totalidade dos casos vêm acompanhadas de busca e apreensão dos dispositivos eletrônicos, principalmente dos celulares.
E com essa apreensão e encaminhamento para a competente perícia, é indispensável que o advogado criminalista esteja atento à cadeia de custódia prevista no art. 158-A do CPP.
Além do conhecimento da cadeia de custódia em si, indispensável é o conhecimento acerca da jurisprudência sobre o tema, principalmente do STJ que está sendo construído.
Em 2026/2028, veremos:
mais contestações de laudos periciais apresentados pela polícia;
mais nulidades por violação da cadeia de custódia;
mais discussões sobre integridade, autenticidade e confiabilidade dos dados;
mais necessidade de perícias independentes.
O criminalista que dominar a cadeia de custódia e as provas digitais terá enorme vantagem estratégica.
2. Crescimento da IA na investigação
Que o Poder Judiciário já tem amplamente utilizado IA não é novidade para

ninguém, contudo, não temos notícias, ao menos de forma institucional, se as policiais ou órgãos de controle já a estão usando.
A segurança pública já utilizam IA para:
reconhecimento facial;
filtragem de imagens;
mineração de dados em larga escala;
cruzamento automatizado de antecedentes;
análise preditiva.
Certamente nos próximos anos a utilização da IA também deverá ser ampliada pelas polícias, principalmente para análise de dados, se já não está sendo utilizada de forma particular pelos agentes do estado.
A grande questão para a defesa será saber de forma transparente se determinada prova foi tratada, produzida ou refinada pela IA, devendo o criminalista ficar atento a essa situação nos processo em que atua.
Pontos sensíveis que requerem atenção:
viés algorítmico*;
falta de transparência;
inexistência de auditoria técnica;
risco de erro estatístico apresentado como “prova”;
Falta de posicionamento institucional do uso de IA;
Limitação à defesa da integralidade da prova.
Isso abrirá enorme campo de atuação para o criminalista, sendo que devemos estar atentos a esses pontos, principalmente na impugnação das provas digitais, iniciando pela análise de toda cadeia de custódia indo até a apresentação do resultado da prova.
3. Explosão dos crimes cibernéticos e da criminalidade digital
Golpes, difamações, perfis falsos, invasões, clonagens de WhatsApp, fraudes simples, estelionatos digitais, vazamento de dados… tudo isso se tornou comum.
Nós mesmos, advogados, temos sido diariamente vítimas de crime digital, o chamado golpe do “falso advogado”.
O fato é que existe uma migração dos criminosos comuns e de grandes organizações criminosas para os crimes digitais, pois, possui um risco menor, menos estrutura criminosa e retorno maior do que os tradicionais crimes, como tráfico, novo cangaço entre outros.
Acredito que você ou algum conhecido diariamente seja uma vítima de crimes digitais ou ao menos de suas tentativas.
Além das organizações criminosas, “pessoas comuns” passaram a ser autores e também vítimas desses crimes de forma mais constantes, muitas vezes é comum vermos pessoas injuriando, caluniando ou difamando outras nos comentários nas redes sociais.
Acabam se esquecendo que o ambiente digital também é protegido pela legislação e o excesso lá praticado também é punível cível e criminalmente.
E a maioria dos advogados ainda não está preparada para:
preservar evidências;
orientar clientes sobre não contaminação da prova;
lidar com prints e metadados;
pedir perícias específicas;
entender de rastros digitais.
O Advogado Criminalista não pode ficar alheio a esta crescente modalidade de crime, devendo a cada dia estar mais preparado para atuação nos crimes digitais ou cibernéticos tanto na defesa, como também na acusação, já que os crimes contra a honra são de natureza privada.
O advogado que dominar a defesa digital vai atrair uma quantidade gigantesca de clientes.
4. Mudanças na política criminal brasileira
Muito já se tem discutido sobre a efetividade de algumas formas de atuação da polícia, principalmente no combate/prisão de elos fracos na corrente do crime organizado.
Acredito que nos próximos anos, teremos um aprofundamento e alterações legislativas sobre:
revisão da Lei de Drogas (com maior visão não para o traficante, mas com olhos para outros envolvidos que auxiliam na transformação do dinheiro ilícito em lícito);
ampliação da justiça penal negociada (ANPP, transação penal, etc.);
limites da prisão preventiva;
uso de jurimetria pelo Estado;
redução de hiperencarceramento.
Parece que estamos diante de um movimento no sentido das polícias, principalmente a Polícia Federal de fazer um combate mais inteligente do crime, buscando a desarticulação das organizações criminosas em elos fundamentais da sua cadeia.
Da mesma forma, parece que está se criando, ao menos um debate, sobre a utilização da prisão preventiva como regra no nosso sistema de justiça, bem como, tem se lançado luz ao fato de que o verdadeiro criminoso não está preso.
Estes temas parecem estar em voga, sendo que cabe a nós, advogados, qualificar e aprofundar cada vez mais esse debate, também nos preparando cada vez mais para atuar de forma técnica nesse campo.
5. Aceleração dos processos eletrônicos
Os Tribunais brasileiros têm cada vez mais se preocupado com a agilidade dos processos, metas e produtividade.
Isso com toda certeza é muito importante para a sociedade. Infelizmente, esse movimento vem acompanhado com falta de qualidade nas decisões e mesmo movimentações processuais.
Muitas vezes parece que cada vez mais ocorre no judiciário uma desumanização do processo em privilégio das metas de produtividade (“cada processo uma vida”).
Acredito que cada vez mais o Judiciário fará uso da IA para proferir despachos e decisões, sendo que a defesa deverá cada vez mais olhar para essas decisões e atos processuais, que muitas vezes podem vir incompletos ou mesmo errados.
Importa atentar que o prazo para os embargos de declaração em matéria criminal é curto (2 dias), sendo necessário uma maior organização dos escritórios com uma resposta e análise mais rápida dos pronunciamentos judiciais.
6. Hiperespecialização da defesa penal
Já defendo a especialização faz algum tempo, mas, nos próximos anos parece que vai haver uma hiperespecialização, ou uma especialização dentro da especialização.
A advocacia criminal vem deixando de ser generalista.
Os escritórios criminais mais bem posicionados do país já atuam por nichos, como:
crimes digitais;
tribunal do júri;
violência doméstica;
crimes econômicos;
compliance penal;
tráfico e organizações criminosas;
execução penal de alta complexidade.
A lógica do cliente mudou: ele não busca mais “um criminalista”, mas o criminalista certo para o problema dele.
Em cidades pequenas esse movimento é mais difícil de se observar, mas, em cidades maiores ao mesmo nível nacional, você já consegue identificar os grandes players de cada área, com nichos específicos (crimes digitais, crimes financeiros, assistente de acusação em violência doméstica, etc.).
Mesmo que você seja um pequeno escritório, é importante ao menos você ter essa visão e quem sabe já traçar esse caminho.
7. Crescimento dos casos envolvendo polícia, abordagem e abuso de autoridade
Filmagens, câmeras corporais, celulares e redes sociais estão expondo abusos como nunca.
A lógica é que esse fenômeno continue nos próximos anos e de forma até mais ampliada, principalmente em razão de uma ampliação das guardas municipais em todo o Brasil.
E claro, se o estado com maior recurso às vezes já apresenta um treinamento deficiante para suas forças policiais, podemos imaginar como será o treinamento das guardas municipais fornecidas pelo próprio município. É importante estarmos atentos.
E isso aumenta a demanda por:
defesa técnica em casos envolvendo flagrantes irregulares;
nulidades por ilegalidade na abordagem;
contestação do uso indevido da força policial;
provas obtidas por meios ilícitos.
É um campo de atuação crescente e que exige domínio técnico e sensibilidade.
8. Conteúdo jurídico qualificado como ativo do advogado criminalista
O Google mudou. As ferramentas de busca por IA mudaram. O público mudou.
O cliente confia em quem:
explica bem;
publica conteúdo denso;
demonstra domínio técnico;
Responde dúvidas reais do dia a dia.
Nos próximos anos, o jogo será vencido por quem combinar: artigos longos no blog; vídeos explicativos no YouTube; newsletter semanal; SEO técnico; autoridade digital bem construída.
A era dos vídeos curtos e superficiais parece estar perdendo espaço, o próprio algoritmo das redes sociais e a busca feita pelas próprias ferramentas de IAs tem privilegiado o conteúdo mais denso, é só pesquisar o que os especialistas em marketing tem falado.
Seguindo essa lógica, o site da RD Station, empresa brasileira líder no desenvolvimento de softwares para automação de marketing digital, desta que:
combinar intencionalmente conteúdos muito curtos para descoberta com conteúdos muito profundos para decisão, em vez de encher o calendário de peças medianas que não performam nem em alcance, nem em conversão. (Para ler o artigo completo CLIQUE AQUI).
Assim, você vai ter que combinar conteúdos mais curtos com algo mais denso, pois nossos clientes acabam se tornando um pouco mais exigentes neste quesito.
9. Defesa penal multimídia: laudos visuais, reconstruções, mapas mentais e outros
O processo penal se tornará cada vez mais visual, com prioridade em alguns nichos, como no júri.
Mas, não vamos entrar naquela loucura do legal design onde se sugeria, por exemplo, transformar a sua petição em uma história em quadrinhos.
Juntamente com a IA e com o acesso a várias ferramentas, o advogado deverá pensar estrategicamente em como utilizar recursos visuais nas suas peças, logicamente, sem exageros.
A defesa poderá (e deverá) usar:
reconstrução de fatos em vídeo;
linhas do tempo digitais;
mapas;
esquemas interativos;
narrativa visual para júri e memoriais.
O futuro do convencimento não é só argumentação. É técnica + visual + narrativa.
Mas não podemos esquecer, o direito é e sempre será uma área extremamente formal, vamos usar os recursos visuais, mas não vamos exagerar!
10. Prerrogativas e a tentativa de criminalização da advocacia
Infelizmente, outra tendência:
mais investigações envolvendo advogados;
mais buscas em escritórios;
mais tentativas de violar sigilo profissional;
mais escritórios tendo suas contas bloqueadas;
mais criminalização.
A tendência em tentar criminalizar a advocacia não é de hoje, sendo que nos últimos anos ela tem ganhado força.
Em razão disso, é importante que o advogado criminalista, tome cuidados pessoais, como: contrato de honorários sempre; declarar e pagar os tributos referentes aos seus honorários; não receber honorários em bens; entre outros.
Além de se autodefender, é importantíssimo que o advogado também fortaleça a classe como um todo. É importante que o advogado, principalmente o criminalista, esteja junto à OAB, fortalecendo o nosso órgão de classe.
É importante que o advogado, principalmente o jovem, seja mais participativo da OAB e junto construa e fortaleça a advocacia.
É preciso se despir daquele discurso que “não existe espaço na OAB” ou “são sempre os mesmos” e efetivamente participe, pois, se você nunca participar nunca terá espaço.
Eu como dirigente de ordem, quero muito que as pessoas novas participem, mas, se elas não derem um primeiro passo, vou entregar as missões para aqueles que sei que vão cumprir, ou seja, sempre os mesmos!
Feito o pequeno desabafo (hehehe) voltamos ao artigo.
A criminalização da Advocacia exigirá:
mais preparo
documentação minuciosa da atuação
domínio das prerrogativas
atuação próxima da OAB
Conclusão
A advocacia criminal está mudando e quem acompanha se destaca.
2026 não será um ano de mudança lenta, será um ano de transformação profunda e os que não se adaptarem, ficarão para trás.
Então criminalista, não feche os olhos principalmente para as novas tecnologias, pois muitas delas, a exemplo das IAs, já superaram o período de descoberta e entram num período de consolidação. Aprofunde seus conhecimentos sobre o tema.
E, finalmente, vamos fortalecer nossa classe. Não trate o seu colega como inimigo, o verdadeiro inimigo é outro.

Luiz Ricardo Flôres - Advogado Criminalista.
Atuação em Tijucas, Itapema e toda Santa Catarina.
Especialista em Direito Penal e Processo Penal, com atuação desde 2007 na defesa criminal.
*Viés algorítmico é quando sistemas de Inteligência Artificial (IA) produzem resultados sistematicamente injustos ou discriminatórios contra certos grupos, refletindo e amplificando preconceitos sociais, raciais, de gênero ou socioeconômicos existentes nos dados usados para seu treinamento ou por falhas no design, como em contratações, análise de crédito, reconhecimento facial ou justiça criminal, prejudicando minorias e perpetuando desigualdades.

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