Análise sobre o caso de estupro do médico anestesista
- Luiz Flôres

- 12 de jul. de 2022
- 2 min de leitura
Ganhou repercussão nas últimas semanas o caso do médico anestesista no estado do Rio de Janeiro que estuprava suas pacientes enquanto estavam anestesiadas.
Neste post vamos fazer uma análise jurídica sobre o ocorrido.
Conforme amplamente na mídia nacional, um médico anestesista foi preso em flagrante ao praticar o crime de estupro de vulnerável enquanto suas pacientes estavam sob o efeito da anestesia.
Com base no que foi divulgado, vamos destacar alguns pontos de interesses para o direito, especialmente para os advogados criminalistas iniciantes.
Qual crime foi cometido?
O crime cometido pelo citado médico está previsto no art. 217-A,§ 1º, do Código Penal (estupro de vulnerável):
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
O que a jurisprudência fala sobre o tema?
O STJ tem jurisprudência bem definida no sentido de que o estado de sonolência caracteriza causa que não possibilita a vítima oferecer resistência:
[...]. 2. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, o estado de sono pode significar circunstância que retira da vítima a capacidade de oferecer resistência. (AgRg no HC 489.684/ES).
O crime é hediondo?
A conduta prevista no art. 217-A do CP é CRIME HEDIONDO, o que indica um cumprimento maior (40% da pena caso primário), para posterior pedido de progressão, conforme definido na Lei de Execuções Penais (art. 112, V).
Ocorreu prisão em flagrante?
A prisão foi feita em flagrante, no chamado flagrante próprio previsto no art. 302, II (acaba de cometer a infração penal), do Código de Processo Penal.
Ele pode ser solto?
Para que ele fique preso o juiz deverá decretar a prisão preventiva (o que certamente o fará), com fundamento na garantia da ordem pública (art. 312 do CPP), tendo em vista a gravidade do crime, forma de cometimento e repercussão gerada.
Outros pontos:
Uso de algema: segundo entendimento firmado pelo STF só é permitido em casos em que o preso gere risco para si ou para terceiros, resistência ou risco de fuga (súmula vinculante 11).
Divulgação das imagens do médico sendo preso: caso tenha sido feita pela polícia, pode configurar o crime de abuso de autoridade (art. 28 da Lei 13.869/19).
A gravação feita pelas enfermeiras é prova ilícita: a princípio não, uma vez que a sala onde foi feita não era restrita, sendo que elas também tinham acesso (vai haver discussão).
Luiz Ricardo Flôres é Advogado.

$50
Product Title
Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button. Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button

$50
Product Title
Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button. Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button.

$50
Product Title
Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button. Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button.




















Comentários