top of page
curso audiência de instrução e julgamento criminal

TREINAMENTO 

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO CRIMINLAL:

tudo que você precisa saber na prática para atuar com segurança.

O JUDICIÁRIO NÃO PODE OBRIGAR O MP A OFERECER O ANPP

Atualizado: 26 de ago. de 2022

No caso de negativa do Ministério Público em oferecer o Acordo de não persecução penal, poderá o Poder Judiciário obrigar o seu oferecimento?

Neste artigo vamos abordar esse tema à luz da legislação e doutrina.

ree

Com a entrada em vigor da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), foi incluído no Código de Processo Penal o artigo 28-A, nos seguintes termos:


Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
[...].

O ANPP é um instituto de justiça penal negociada, onde o acusado cumprindo alguns requisitos fixados na Lei (art. 28-A do Código de Processo Penal), pode o Ministério Público (Estado Acusador) abreviar um longo, caro e desgastante processo penal.


Por sua vez, o acusado manterá a sua primariedade, mostrando-se, assim, um acordo benéfico para ambas as partes.

LEIA MAIS:

Mas, a questão que gostaríamos de levantar aqui é a seguinte: Caso o Ministério Público não ofereça o ANPP, o juiz pode determinar o seu oferecimento?


Inicialmente devemos destacar que caso o Ministério Público não ofereça a proposta de acordo de não persecução penal, o interessado, por intermédio de seu defensor, deverá solicitar ao magistrado que os autos sejam encaminhados para o órgão superior do MP, para que analise a viabilidade ou não da proposta.


Isso é o que se observa nos termos do § 14, art. 28-A, do CPP:


[...]
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
[...].

Este é o caminho previsto na legislação, o magistrado nessa fase negocial, não tem a uma participação ativa, limitando-se a ser um garantidor das regras do jogo, não cabendo a ele determinar o oferecimento ou não da proposta.


O próprio artigo 28-A deixa claro que o “Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal”, não se demonstrando como uma obrigação.


Logicamente, quando o investigado preencher os requisitos para receber o benefício e o Ministério Público entender que não deva oferecer a proposta, deverá fazê-lo de forma fundamentada nos autos, explicando as suas razões para tanto.

quadro sinóptico recursos no processo penal

Neste sentido se manifestou o Supremo Tribunal Federal:


O Poder Judiciário não pode impor ao Ministério Público a obrigação de ofertar acordo de não persecução penal (ANPP). Não cabe ao Poder Judiciário, que não detém atribuição para participar de negociações na seara investigatória, impor ao MP a celebração de acordos. STF. 2ª Turma. HC 194677/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2021.

Vale destacar que, solicitado a remessa dos autos para o órgão superior do Ministério Público pela parte, o magistrado, a princípio não poderá negar essa remessa.


O magistrado deverá encaminhar os autos, sem fazer um juízo de valor sobre o cabimento ou não do ANPP, uma vez que essa não é a sua função nesta fase processual.


Obviamente, caso seja flagrante o não cabimento do ANPP, poderá o magistrado negar a remessa, sendo que neste sentido é o posicionamento do STF no mesmo julgado anteriormente citado:


“Não se tratando de hipótese de manifesta inadmissibilidade do ANPP, a defesa pode requerer o reexame de sua negativa, nos termos do art. 28-A, § 14, do CPP, não sendo legítimo, em regra, que o Judiciário controle o ato de recusa, quanto ao mérito, a fim de impedir a remessa ao órgão superior no MP. Isso porque a redação do art. 28-A, § 14, do CPP determina a iniciativa da defesa para requerer a sua aplicação.”

Com essa interpretação em específico, abrimos precedente para que negue a remessa dos autos para o órgão superior do MP, podendo prejudicar a parte.


No nosso entendimento, o processo deveria de toda forma ser encaminhado, pois, caso o legislador quisesse fazer alguma ressalva, o teria feito de forma expressa, o que não ocorreu.


Caso o magistrado negue a remessa, poderá a parte impetrar habeas corpus para resolver a situação, uma vez que, a decisão se mostra ilegal, podendo acarretar, de certa forma, restrição no direito de ir e vir do interessado.

LEIA MAIS:

Desta forma, fica evidente que no caso de recusa do oferecimento do ANPP, o caminho legal previsto para solucionar a controvérsia é o previsto no art. 28-A, § 14 do CPP, não podendo o magistrado obrigar/determinar o seu oferecimento.

Assista o vídeo sobre o tema:

LUIZ RICARDO FLÔRES é Advogado Criminalista, formado em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI); inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional de Santa Catarina - sob o n. 23.544; Pós-Graduado pela Universidade Cândido Mendes em Direito Penal e Processo Penal. Atua prestando serviços de assessoria e consultoria jurídica a pessoas físicas e jurídicas em Direito Penal e Processo Penal.

$50

Product Title

Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button. Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button

$50

Product Title

Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button. Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button.

$50

Product Title

Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button. Product Details goes here with the simple product description and more information can be seen by clicking the see more button.

Produtos recomendados.

Comentários


bottom of page